quarta-feira, 8 de abril de 2009

I Wanna be a Supermodel

Hoje fui tirar sangue (com “tirar sangue” quero na verdade dizer que me violentaram o braço com um sorriso simpático), e com o sangue foi-se alguma da incapacidade de reflectir sobre um dos temas mais pertinentes da sociedade actual: aspirantes a modelos.

O que realmente me apoquenta nem é o facto de estas garotas (pouco me importam os garotos) quererem ser modelos. Estão no seu direito, é uma profissão como outra qualquer, e não menos importante para a sociedade que um jogador da bola, ou um socialité a falar no Às Duas por Três. O que me faz comichão na massa encefálica são mesmo as justificações dadas por elas para o facto de quererem sem modelos. Na minha singela opinião, que, como todo o mundo sabe, vale menos que um amendoim, existe uma justificação, e uma só! Acham-se boas e querem viver disso. Nada de errado aqui, eu se fosse boa também ia querer viver disso. Mas nunca eu assisti a uma aspirante responder à clássica pergunta “Então, porque participas neste casting?” dizendo “Olha, porque sou toda boa e não quero fazer pão enquanto for toda boa!”. Foi quase sempre um amigo que inscreveu estas moças nos castings, e sempre às escondidas. Estes amigos de agora… Antigamente é que era! Tinha-se uma amiga boa e pensava-se “epá, tenho uma amiga tão boa!”. Agora é “Epá, tenho uma amiga tão boa que vou inscrevê-la num casting para modelos!”. Assim se vêem as verdadeiras amizades, ainda há amigos que se preocupam connosco.

Outra pérola das justificações é por se gostar de fotografia. Eu gosto de fotografia, e com gostar de fotografia entendo que gosto de pegar numa máquina fotográfica e tirar fotos “de alto teor artístico” a algo que não eu, e se tiver de ser a mim próprio, ao menos que seja com estilo, em sépia ou assim. Gostar de fotografia, a meu ver, não é gostar de tirar auto-fotos vistas de cima, para mostrar o decote e meter no hi5, ou pedir à amiga feia com a máquina boa que nos tire fotos bué cool. Isto é gostar de se ser fotografada, minhas meninas…

Despeço-me com o Zé Saramago, que [pedaço de texto censurado] é inteligente.

“A mentalidade antiga formou-se numa grande superfície que se chamava catedral; agora forma-se noutra grande superfície que se chama centro comercial. O centro comercial não é apenas a nova igreja, a nova catedral, é também a nova universidade.”